quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Crônica: A Necessidade de marcar o tempo

Gosto de colocar datas em tudo. Livro novo, texto escrito ou marcar em alguma agenda o dia que ganhei algo especial. Talvez essa mania eu tenha herdado da minha mãe (outra que vive datando tudo).
As pessoas podem achar paranoia, mas sempre reflito a respeito da passagem do tempo. O que aconteceu ou o que a vida reservará no futuro. Claro que não vivo as angústias do passado e procuro não viver a ansiedade do futuro, mas acredito ser importante refletir o que foi plantado e o que será colhido.
Parando para pensar agora, talvez as datas sejam tão importantes para mim por isso, pois representam transições, fases vividas e ultrapassadas.
Sempre que vejo algo que marquei quando adquiri, penso o quanto evoluí desde então. Imperceptivelmente, mudamos e somos reformulados a cada dia, nossa essência adapta-se a cada novo ciclo.
Sei que não são todas as pessoas que refletem a respeito disso, por isso admiro tanto a exclusividade e a capacidade de cada um de ser um indivíduo único. Nós nunca esbarraremos na rua com uma versão igualzinha a nós mesmos; logo, devemos aceitar nossas manias e jeito de enxergar o mundo à nossa volta e tudo que contém nele.
Após escrever essa crônica, compreendi minha necessidade por datas. Elas permanecem ali, para sempre. Apaixonada por histórias como sou, sejam elas fictícias ou reais, a mente humana um dia as esquece; no entanto, ao ver um objeto especial com uma data, seu coração se lembrará de um momento também especial, como se não tivesse passado um segundo desde que foi vivido.

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